Recebi, nesta semana, o convite para a abertura da exposição Anita Malfatti – 120 anos de nascimento, que será realizada no Centro Cultural Banco do Brasil / Rio de Janeiro, de 31 de julho a 26 de setembro de 2010.
A Chinesa, 1921-1922
Óleo sobre tela, 100 x 77,3 cm
Coleção particular – Rio de Janeiro Pintora nascida em São Paulo, em 1889,
Anita Malfatti é uma artista ímpar e suas obras foram um catalisador para o modernismo brasileiro, na vanguardista
Semana de Arte Moderna.
Devido a um problema congênito,
Anita mantinha um lenço colorido cobrindo a sua mão direita, fato este que é de extrema importância na sua vida e obra. Passa por Berlim, Paris e Nova York, trabalhando com inúmeros artistas de diversas escolas –
fauvismo, expressionismo, cubismo – e apreendendo as características que irão permear a sua obra pessoal, que promoverá uma dicotomia entre
arte acadêmica e arte moderna, com pinturas como “O homem amarelo”, “A Boba” e “Mulher de Cabelos Verdes”.
A
Semana de Arte Moderna é um marco na história da arte, brasileira e mundial!
Anita faz parte deste momento importante, tendo exposto duas dezenas de obras, que causaram furor e escândalo.
Anita,
Tarsila do Amaral (
aqui), Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia formam o “
grupo dos cinco”, após a
Semana de 22.
No entanto, sua maior contribuição serão os
retratos, já sem as deformações e as cores violentas, mostrando um mundo mais simples. Posteriormente, na década de 40, dedica-se às
festas e procissões, influenciada pelas cidades históricas de Minas Gerais.
Já na fase final da vida, diz:
“Tomei a liberdade de pintar a meu modo.”“
A comemoração desses 120 anos de Anita vem para homenagear a ousadia da mulher em buscar seu sonho, em se encontrar. A percebo como um ícone injustiçado. Os contemporâneos, por conta de ciúmes, vaidade, talvez, atrapalham a avaliação na época de um talento como Anita. É por isso que muitos gênios são reavaliados e exaltados com o passar do tempo. Foi o caso dela.” Luzia Portinari Greggio (curadora)
A Boba, 1915/ 1916
Óleo sobre tela, 61 x 50,6 cm
MAC – São Paulo
“Feita durante sua estada nos Estados Unidos, A Boba é um dos pontos mais altos da pintura de Anita. É fruto de uma fase em que a sua pintura expressionista absorve elementos cubo-futuristas. A Boba faz parte de um momento de “busca ativa”, a tela é construída com a cor, numa orquestração de laranjas, amarelos, azuis e verdes, realçando as zonas cromáticas delineadas pelas linhas negras, na maioria diagonais – ordenação cubista. No primeiro plano, uma angulosa e assimétrica figura recebe aplicação irregular da cor. Na fisionomia, a expressão anormal e vaga é ressaltada por traços negros, segundo a estética expressionista do irracional e desarmônico. O fundo, elaborado com rápidas pinceladas, serve de contraponto.”Segundo a
Revista Museu, “Greggio reuniu
120 obras de diversos museus e de coleções particulares que mostram
inúmeras e diferentes Anitas. A primeira delas (de 1909 a 1914) é uma
Anita naturalista-impressionista. Inclui o período em que ainda assinava como
Babynha, como em seu primeiro quadro (
Burrinho correndo – que estará exposto no CCBB), até o seu retorno de sua primeira viagem de estudos, quando esteve na Alemanha, onde o
expressionismo explodia. Foi quando organizou sua
primeira exposição individual em 1914. Essa fase reúne também algumas preciosidades como
Meu irmão Alexandre e
Mulher de vestido vermelho.
A segunda
Anita, mostra sua fase mais esplendorosa (1915 -1922). É quando vai para os Estados Unidos e se entrega ao
expressionismo. “A trajetória de
Anita é singular. Todo mundo ia estudar na França. Ela foi para Alemanha e depois para os Estados Unidos, onde tinha parentes. Foi lá onde ela desabrochou”, lembra a curadora. A pintora rompe com todas as regras acadêmicas tão apreciadas pelos seus familiares, como o tio Jorge Krug, que financiará seus estudos no exterior, e a mãe, pintora clássica, Betty Krug, presença constante, rígida e autoritária na sua vida.” [destaques no texto feitos pela autora]
***Informações práticas:Anita Malfatti – 120 anos de nascimentoCentro Cultural Banco do Brasil / Rio de Janeiro
Rua Primeiro de Março, 66 – Centrode 31 de julho a 26 de setembro de 2010Horário: 9 – 21h
Entrada gratuita***