segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mulheres de ontem


Como havia prometido para vocês, faço hoje a cobertura da exposição Mulheres reais – modas e modos no Rio de Dom João VI, em cartaz na Casa França-Brasil, até o próximo domingo, em comemoração aos 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa no Brasil (leia mais aqui), mais especificamente no Rio de Janeiro do início do século XIX. O próprio local da exposição tem importância histórica – a Casa França-Brasil foi a primeira alfândega brasileira, com projeto de Grandjean de Montigny, que veio com a missão artística francesa, no tempo do imperador D. João VI, trazendo amplas modificações para os cenários cultural, político e econômico do Rio de Janeiro, assim como do Brasil.

As mulheres de ontem vão das princesas e rainhas às escravas, mulheres que representavam o seu tempo, através dos seus costumes e também, da sua indumentária. Era o Rio de Janeiro, capital do império português, que, recebendo a corte passou por toda a sorte de transformações em seus costumes, influenciadas pela convivência com as tradições européias, trazidas pelas mulheres da realeza. Três mulheres fizeram esta história – D. Maria, D. Carlota Joaquina e D. Leopoldina, que, ao encontrarem-se com as mulheres brasileiras, provocaram uma reestruturação da identidade feminina da época.

Com curadoria de Emilia Duncan e Cláudia Fares, muitos figurinos foram criados especialmente para a mostra, pois os originais já não existem. As roupas e acessórios autênticos vieram de três instituições: o Museu Nacional do Traje de Lisboa/Portugal, o Museo del Traje de Madrid/Espanha e o Wien Museum – Mode Depot de Viena/Áustria. E as jóias de escravas foram cedidas pelo Museu Costa Pinto, Salvador/Bahia. Existe também uma montagem do que seria uma mesa de refeição daqueles dias, repleta de objetos: louças, copos, castiçais... além disso, há uma vitrina, por onde percorremos, através de roupas e acessórios, um pouco do tempo histórico das mulheres da realeza. Ah, não deixem de observar o teto – é uma incrível projeção! Vale o esforço!

Toda exposição é muito interessante, repleta de informações de um tempo que passou, mas que marcou, profunda e contundentemente, a trajetória dos costumes femininos, fazendo a mulher enxergar novos mundos e novas modas, ou seja, as mulheres de ontem tecendo as mulheres de hoje!

Casa França-Brasil
R. Visconde de Itaboraí, 78 – Centro, RJ
Até o próximo domingo, 06 de julho, de 10 às 20h – Grátis

domingo, 29 de junho de 2008

A avaliação de uma marca de moda

A marca Cantão faz parte da minha história pessoal, afinal somos contemporâneas, nascidas no fim da década de 60. Para tamanha longevidade, o que é um caso interessante na moda visto ser um universo do fugaz, algumas atualizações (ou reposicionamentos) precisaram ser feitas ao longo destas últimas quatro décadas. Como acompanho a marca, desde o início dos anos 80, alguns pontos chamam a atenção.


Sua característica inovadora sempre esteve presente: o Cantão foi a primeira marca a lançar agendas must-have e suas mochilas tornaram-se objetos de desejo nas escolas cariocas. Entretanto, este seu lado inovador causou um pouco de confusão. Toda esta mudança constante de logos, uma identidade visual que alterava-se, constantemente, gerava uma certa “não-identificação”. Explico melhor – cada modificação na logo (inclusive no nome, de Cantão 4 para apenas Cantão) fazia com que nós precisássemos aprender a “re”-identificar a marca, pois ela não era reconhecida de imediato.


Esse movimento foi uma constante até há bem pouco tempo, quando surgiu a logo com o ponto vermelho. A princípio, isto causou uma certa celeuma, pois para algumas pessoas (talvez mais antenadas...) era sinal dos tempos trocar o texto pela imagem. Já para outras, isto foi muito complicado, fazendo com que as lojas precisassem colocar o nome nas fachadas de forma mais explícita. Mesmo assim, muito se falou da não-inteligibilidade da logo, principalmente fora do público-jovem, seu principal target.


Mas, não podemos esquecer que, com a passagem do tempo, este público também envelheceu e ele continua cliente da marca... como eu. A cada nova coleção, mesmo com a logo imutável, as bolsas e embalagens ainda são modificadas, o que parece ser um movimento atual em muitas lojas. Confesso que não sei se é o melhor caminho – a cada mudança, é preciso “re”conhecer as bolsas do Cantão! E, quando nos acostumamos, lá vem mais uma! Como, hoje em dia, as empresas deveriam estar focadas no marketing, se preocupando mais com a marca do que com o produto, talvez não seja a melhor estratégia... No entanto, se virmos o marketing como uma estratégia ou ferramenta para criar e manter clientes, esta possa ser uma forma de criar desejo pelo novo, por saber qual será a “próxima cara” do Cantão. Logo, é preciso estar atento à segmentação do mercado, sempre preocupado em atender ao público-alvo da marca, conhecendo-o o mais profundamente possível. Para isso, seu programa de fidelidade tem sido uma boa opção.


Resumindo, parece que o Cantão conseguiu manter a sua clientela fiel e renovar-se em busca de novos admiradores da marca, posicionando-se com uma visão que almeja colocar, cada vez mais, a marca como objeto de desejo, agora no século XXI, de forma sustentável (aqui)!


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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Um brinde!


Queridos amigos, hoje é um dia muito especial. Como vocês sabem, comecei há pouco tempo no mundo da moda. Minha trajetória acadêmica, longa e diversa, acabou me conduzindo até aqui. A princípio, ainda vacilei em enveredar por este caminho, mas tive um incentivo incrível – do meu querido marido! Mais uma vez, ele esteve lá, ao meu lado, me dando a mão rumo a um destino desconhecido, sempre dizendo que este era, com certeza, “o” caminho!
Tudo isto começou, dois anos atrás, quando decidi fazer um curso no Senac, para ver se a moda poderia me acolher em seu universo. Depois, outros cursos vieram (inclusive a pós-graduação, iniciada no ano passado) e eu ainda duvidando... No entanto, no fim de abril, algo aconteceu – comecei o meu blog pePPer inFashion. Aí... tudo mudou! Todas as dúvidas se converteram em alegria e prazer, que somente aumentavam a cada post que eu via “ir para o ar”. O ingresso na blogolândia foi a abertura de uma nova forma de conhecer pessoas e seus pensamentos, embalados pelo mundo da web que eu tanto gosto. De lá para cá, conquistei muitos amigos e companheiros de jornada, cujos comentários e elogios foram o mais adorável retorno que eu poderia receber! Uma destas amigas “de sempre” chama-se Helena Castro, do blog Meninas da Chocolate. Eu já admirava o trabalho dela, com a série Perfis, quando, um dia, ao colocar um comentário, me deparei com o meu blog “linkado” no dela. Nossa, achei o máximo! E, para minha surpresa (e felicidade!), um belo dia recebo um comentário dela, perguntando se eu havia recebido um e-mail no qual ela me convidava... para uma entrevista para a série Perfis! Fiquei radiante! Achei tão delicado da parte dela querer me conhecer... dei pulinhos de alegria! Afinal de contas, quer coisa mais linda na vida do que conhecer pessoas assim? Quanto à entrevista, percebi o cuidado dela em fazer perguntas personalizadas, sabe?, como se ela já me conhecesse há anos! E eu, só pude responder com o mesmo carinho e a mesma atenção que ela me dedicava... foi um enorme privilégio participar deste “encontro”! Estou certa de que a Helena será sempre alguém muito importante e especial no meu mundo fashion. Obrigada, amiga!

Bem, quem quiser conferir a entrevista, passa lá no blog da Helena, cujo link é http://meninasdachocolate.blogspot.com/2008/06/srie-perfis-claudia-pimenta.html e sejam bem-vindos! Beijos a todos!!!


Gostaria ainda de agradecer a três pessoas muito especiais: a Celina, do Luxos e luxos, que me apresentou o blog da Helena, a minha irmã Tânia, que me iniciou no mundo dos blogs e, a minha irmã caçula, Luciana, por me acompanhar nas “roubadas” fashion. Beijo grande!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Fashion?

Ontem à noite, o Rio de Janeiro estava com outra cara – chovia muito e estava frio (bem, 20º para carioca é frio!). Como havia prometido fazer a cobertura do Dream Fashion Tour, lá fui eu me vestir de acordo: meias, botas, cachecol, chapéu, trench-coat... e guarda-chuva! E com a câmera em punho!
Cheguei no Vivo Rio, localizado no MAM (Museu de Arte Moderna), por volta das oito da noite, pois o evento começaria às nove. Estava super vazio, apenas com uma pequena fila de convidados. Como soube que eles haviam distribuído muitos convites para cursos e faculdades de moda, imaginei que o movimento seria bem maior. Meia hora depois, entramos e fomos recebidos por brindes: lenços, hidratantes, biscoitos... é, dos patrocinadores! Confesso que, ao chegar ao local do evento, fiquei um pouco surpresa – estava tão vazio que parecia que todos haviam desistido de aparecer...
Na verdade, quando soube do evento, fiquei um pouco confusa quanto ao seu real target. Explico melhor: mesmo tendo “fashion” no nome, não havia nada de peso do mundo da moda descrito em sua filipeta! Os destaques eram pessoas da música! Eu, inclusive, pensei no Swarovsky Fashion Rocks Party, evento no qual celebridades da música – como Alicia Keys, Joss Stone, Lily Allen, Dame Shirley Bassey – se apresentam enquanto grandes estilistas desfilam – Burberry, Calvin Klein, Gucci, Chanel –, que aconteceu, em Londres, no Albert Hall, em homenagem à entidade do Príncipe Charles, “The Prince’s Trust”, em outubro de 2007. E com apresentação de Uma Thurman e Samuel L. Jackson. Demais, certo? E eu, fiquei imaginando algo parecido... Santa ingenuidade a minha!
Pouco depois das nove, a apresentadora do evento subiu ao palco para dar boas-vindas ao público (público, que público?) e chamou, logo em seguida, a primeira atração. Acho que estou um pouco desatualizada, mas não sabia quem era Emerson Nogueira. Ele canta grandes sucessos, de Police a Simon & Garfunkel, passando por Legião Urbana (que mistura!?!). Depois, para a minha surpresa, entraram no palco alguns (poucos) ritmistas da Mangueira, além do mestre-sala e da porta-bandeira, para distrair a audiência enquanto eles preparavam o palco para a próxima atração: Armandinho. E dá-lhe música! Cadê a moda?, eu me perguntava. Depois deste show, meio morno diga-se de passagem, entraram uns meninos do hip-hop da Rocinha. Bem, eu já estava quase desistindo, quando foi anunciado o talk-show com pessoas da moda e da beleza, como Walter Rodrigues e Fernando Torquato. Olha, juro que eu tentei ficar até o final, mas não deu: a apresentadora fez perguntas do calibre de “O que uma mulher deve levar na bolsa de maquiagem?” e “Todo mundo pode usar calça alta?”. Quando começou um desfile de seis meninas para que fosse escolhida uma para desfilar com as modelos “profissionais”, joguei a toalha! Não dava mais para insistir – de moda, nada mais sairia daquele palco!
Resumindo, acho que o evento não se destina a cidades que tenham acesso à moda. Por que usar o termo “fashion” se parecia mais um mix de música e entretenimento? Não deveriam sequer distribuir convites em cursos de moda, quando o que menos aconteceu ali foi moda. Quem foi assistir aos shows talvez tenha até gostado, se divertido, mas eu, que fui movida pela moda, saí decepcionada. Deixo agora vocês com algumas fotos. Até a próxima cobertura!




terça-feira, 24 de junho de 2008

Nossa realeza

2008 tem sido de comemoração dos 200 anos da chegada da Família Real no Brasil. Foi realmente um momento marcante da nossa história, pois representa grandes conquistas para o país, assim como o contato com a cultura européia e um novo modo de se vestir e portar, trazidos pelos costumes da corte portuguesa, recém-chegada aqui. Para nós, é comum ouvir que a Família Real Portuguesa fugiu para o Brasil, devido à invasão francesa de 1807, o que é, na verdade, incorreto para os portugueses: naquela época, o território brasileiro pertencia a Portugal; logo, o que realmente aconteceu foi uma transferência da sede da corte para outra parte do Reino! Cada um com a sua versão...
E de onde veio a Família Real? De Portugal, claro! Mas, qual a sua origem?
Um destaque em Portugal é a cidade de Guimarães, o berço da nação portuguesa, situada no norte do país. Foi escolhida como capital da nascente nação por Afonso Henriques, que auto-proclamou-se o primeiro rei de Portugal, em 1139: era um pequeno condado, chamado Portucale, do reino de Leão e Castela, que foi declarado independente por Afonso Henriques, cujo perfil aparece no brasão de Portugal. Em Guimarães, podemos visitar o Castelo de São Miguel, onde consta que o rei nasceu e foi batizado, e o Paço dos Duques (não deixem de conhecer: existe uma sala de banquetes, em homenagem às explorações marítimas, e seu teto imita o casco virado de uma caravela!). Também vale a pena dar um passeio pela cidade, por suas pequenas ruas, além de conhecer a estátua em homenagem ao rei português.

Castelo de São Miguel

Paço dos Duques

Estátua de Afonso Henriques

Outra personagem importante foi a Rainha Maria I, primeira rainha em Portugal a exercer o poder efetivo, batizada como Infanta Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana. Ela foi Rainha de Portugal, de 1777 a 1816, sucedendo ao seu pai, o Rei José I. D. Maria foi também Princesa do Brasil, Princesa da Beira e Duquesa de Bragança. Conhecida como A Piedosa ou A Pia, pois era muito religiosa, veio a tornar-se Dona Maria, a Louca, devido à doença mental, depois da morte do seu filho primogênito. Em 1799, seu filho e herdeiro João assumiu a regência – era D. João VI de Portugal. D. Maria mandou construir, em Lisboa, a Basílica da Estrela, de grande valor estético, um dos mais importantes monumentos da Lisboa do século XVIII. A Basílica do Sagrado Coração de Jesus foi concebida por Mateus Vicente de Oliveira e construída entre 1779 e 1790, tendo sido terminada por Reinaldo Manuel dos Santos. Com uma nave única e com o traçado da cruz de Cristo, a basílica possui seis altares laterais, sendo que a capela maior recebe luz das janelas e do domo, e as paredes são revestidas por mármores cinza, rosa e amarelo. Nela, encontramos um presépio de Machado de Castro, formado por mais de 500 figuras de cortiça e terracota, além do elaborado túmulo de D. Maria, no transepto direito, em mármore negro. Está localizada no Largo da Estrela, sendo de fácil acesso com o “eléctrico” 28, o bondinho mais bacana de Lisboa, que nos leva a vários pontos turísticos e interessantes da capital de Portugal. E, por que não?, nos mostra um pouquinho do Brasil, com perfume e sotaque portugueses! É uma influência e tanto...

Túmulo de D. Maria I

sexta-feira, 20 de junho de 2008

in Styling... Nada como um bom espelho...

Com as semanas de moda se aproximando!, um post-reflexão...


Foto: Vila Nova de Gaia, Portugal

Na consultoria de imagem e estilo, outra questão de peso (perdoem o infame trocadilho!) é não ser magra como as modelos que desfilam os looks, nas passarelas dos eventos de moda, como Fashion Rio e SPFW. Com isso, como usar o que aparece nas edições dos desfiles? Mudamos de corpo ou achamos uma outra saída?
Pelo que tem circulado no “mundinho fashion”, a calça saruel (aquela com o gancho lá no joelho!) vai estourar no próximo verão. Será mesmo? Entre as fashion victims, com certeza. Mas e nós, pobres mortais, sem um corpinho de sílfide? Eu tenho pernas grossas e a calça saruel é um interdito para mim, pois não me rendo à moda (ou aos modismos...), pura e simplesmente – se não ficar bem, não uso e ponto! Isto sem falar das sandálias do tipo gladiador, outra tendência para a próxima estação... Tenho que fugir delas!
Sempre sou perguntada sobre os novos shapes, as cores da última tendência, o que vai ser hit... Confesso que eu prefiro perceber o que fica apropriado para cada um, levando em consideração o tipo/formato de corpo, o gosto pessoal, o estilo de vida, a profissão, os hobbies e até o salário! O peso é apenas um dos muitos componentes importantes para conseguir uma imagem pessoal única, perfeita para nos representar frente aos outros e a nós mesmos também.
Não adianta seguir o “último grito” da moda à risca e parecer desconfortável, deselegante ou pior, não se reconhecer! É preciso que haja sintonia entre o vestir e o ser! Não precisamos usar a tendência da moda se ela não nos favorecer. É preferível descobrir que estilo é mais o nosso jeito, a “nossa cara”, explorando as tendências que sejam capazes de valorizar a nossa imagem. Que tal dar uma olhadinha no espelho? Sempre é possível adequar o que está em voga, adaptando ou mesmo escolhendo um pequeno detalhe – pode fazer toda a diferença!
Mais do que uma prisão, o corpo deve ser uma tela em branco para que possamos pintar a “nossa obra-prima”! Quando somos capazes de descobrir o que temos de único, perdemos o medo de arriscar: e aí, podemos usar a moda e suas tendências com mais graça, mais prazer, sempre como aliada e jamais como uma camisa-de-força! Que liberdade, que inspiração: podemos ousar sim, mas sempre atentas ao equilíbrio entre a moda e o nosso modo de ser e estar no mundo. Dá super certo!
Quanto ao peso, busquemos estar bem, em boa forma física (e mental, claro), de maneira saudável, sem paranóias ou loucuras: esqueçamos “aquela” dieta milagrosa! É tão lindo quando um corpo e sua vestimenta estão em harmonia... Vamos procurá-la? Bom fim-de-semana!

***pePPer in Styling: nesta seção (aqui), vocês encontram os posts já publicados no blog e relacionados à consultoria de imagem e estilo, podendo pesquisar assuntos e dicas, assim como elaborar dúvidas a partir dos temas abordados... e deixar a sua pergunta! Sejam bem-vindas(os)!***

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Meu coração listrado

Muito já se falou sobre o centenário da vinda dos japoneses para o Brasil (comemorado ontem), tema, inclusive, da SPFW que acontece nesta semana. Eu, como uma apaixonada por moda e também pelo Japão, não posso deixar de tocar neste assunto também. Mas, e as listras? Já, já vocês vão entender!
Contam que eu nasci de cabelo preto, liso e espetado, de olhinhos puxados... como uma japonesa! Depois, durante toda a minha infância, tive acessórios, bloquinhos, espelhinhos, todos eles inspirados nas bonecas japonesas de olhos grandes (isso me fez lembrar da Blythe, outra paixão!) e nos mangás (HQ nipônica). Mais tarde, fui professora, por muitos anos, do Método KUMON, ensinando matemática a partir deste método japonês para crianças e adultos, estando sempre cercada pela cultura e língua – e gastronomia, nas comemorações! – japonesas. Na moda, sempre fui encantada com o conceito do minimalismo e das moulages (dobraduras), estas derivadas do incrível origami. E Rei Kawakubo, da Comme des Garçons, Issey Miyake e Yohji Yamamoto são referências de peso no design do século XX (e XXI, é claro)!
Falando em Yohji, chegamos às listras! Como? Falo da parceria entre o estilista e a alemã Adidas, que começou em 2001, unindo esporte e moda.
A Adidas sempre foi a minha marca preferida – aquela do coração mesmo... –, tendo sido o primeiro objeto de desejo de que me lembro: um tênis branco com as três listras em branco (ou azul). Lembro que eu estava na sétima série, e ele virou uma febre! Era o must-have daquele tempo! Bem, mas este não foi o único: o uniforme preto com as três listras em branco também! E eu não sosseguei enquanto não tive o meu... Aliás, acabo de ganhar um, que uso com a maior satisfação!
E, por fim, chegamos então, à parceria Adidas-Yohji: é a Y-3, uma união bem-sucedida entre a gigante do esporte e o cult designer japonês, a divisão da Adidas para a confecção de roupas e acessórios esportivos de luxo e limitados. O significado da marca é claro – Y, em referência a Yohji, e o 3 representando as três listras da Adidas, cuja filosofia é não apenas criar uma imagem de prestígio, mas também, tornar-se um sucesso comercial, representando o esporte e a moda, criando o futuro do sportswear. Bem bacana, né? Eu, como uma fã, tenho uma t-shirt da Y-3! Poderia ser diferente?


quarta-feira, 18 de junho de 2008

Um jogo coordenado

Como consultora de imagem e estilo, vejo que há uma pergunta recorrente (entre outras!): como conseguir muitos looks com poucas roupas? Isso torna-se de crucial importância na preparação de uma mala de viagem, na qual não podemos levar tudo o que queremos. Na verdade, é apenas uma questão de coordenação – partindo de uma cartela de cores que combinem entre si (ou de neutros – preto, cinza, branco, bege) e peças intercambiáveis, fica bem fácil. Depois, basta acrescentar um toque pessoal, como broches, acessórios para o cabelo, bijoux ou jóias, flores, pérolas (como a Carrie, de SATC...). Isso sem falar da minha paixão: lenços, xales e cachecóis, assunto também de interesse constante, mas que fica para um próximo post. Todos esses acessórios são capazes de dar um “up” na produção, personalizando o look e, ainda melhor, ocupam pouco espaço na mala!



Como referência para esse jogo, mostro abaixo uma produção realizada por mim, inspirada em Veneza, a partir de poucas peças e alguns acessórios de estilo diferenciado. Lembrem-se: as cores, as texturas e os shapes são meros exemplos, que podem ser atualizados para a nova estação (as cores da natureza vêm forte no verão 2009 – azuis, verdes, areia...). Vale ainda ressaltar que, por ser uma produção bem feminina, não utilizei bermudas ou shorts (e só tem uma calça...), mas que seriam muito bem-vindos na hora de preparar a bagagem, principalmente em alfaiataria ou mesmo em jeans (super bacana!). Também poderiam ser acrescentados tênis (quem sabe um All-Star bem hype?) e sapatilhas; porém, o número de sapatos deverá ser reduzido, pois eles ocupam muito espaço, o qual pode ser mais bem aproveitado com mais peças ou pequenos acessórios.
Vamos lá? Play it!







Sonho italiano
Veneza... desta cidade encantadora vem a coleção de roupas e acessórios, pontuada por uma sensualidade e um romantismo velados, como se seguisse os passos de uma mulher por suas ruelas e seus canais, sob uma atmosfera mágica e inefável.
A coleção de peças visa à mulher de hoje, cosmopolita, que transita da menina à
femme fatale com igual naturalidade, mas que sonha com a mulher de outrora, promovendo assim, uma mistura, sutil e delicada, de resultado harmonioso.
A menina e a mulher juntas, ou seja, é a idade da inocência e sua delicadeza singular encontrando o
new sexy, agora com uma simplicidade inerente.
Vestindo do estilo clássico ao sexy, a cartela de cores vai do cinza ao preto e do rosa pálido ao pink, em tecidos delicados e texturas diferenciadas, com impacto nas formas e nos volumes, ao lado de acessórios bem femininos.
Romantismo e sedução na mulher do novo milênio, vivendo um grande amor ou uma grande aventura, com a mesma intensidade.
Benvenuti!



***Mais links de viagem:
A mala de mão – o que pode e o que não pode
O que levar na nécessaire de viagem
A bagagem sob os holofotes
Por onde andei, que lugares visitei?
Prepare-se para viajar
Viagem única ou múltipla

ou acessem a seção (marcador) in Trip.***

segunda-feira, 16 de junho de 2008

in Home... Outras linhas de inspiração...

Falando um pouco mais em inspiração artística... Quando criança, morei na capital federal. Ainda lembro, talvez por já ser uma apaixonada por arte e arquitetura, da impressão que aquelas linhas causavam. Descer de avião (pequeno) em Brasília é uma experiência e tanto – o plano piloto se descortina como um desenho feito do espaço, deixando a sensação de que o movimento da cidade deve acompanhar a sua própria aerodinâmica!
É impossível passear por lá e não ser brindado com linhas, formas, volumes impressionantes – parece que estamos sempre descobrindo novos ângulos e visões inesperadas, em uma sucessão de verdadeiras impressões estéticas!




Além disso, em Niterói – RJ, há uma outra obra emblemática do Oscar Niemeyer: o incrível Museu de Arte Contemporânea (o MAC, como é conhecido... aqui), flutuando sobre o mar. Observar o horizonte, embaixo do museu, pode nos levar à dimensão do infinito – como se água e céu se encontrassem, sem cerimônia, ali, sob os nossos olhos.
Muito já se falou do centenário de vida deste arquiteto moderno (e como!!!) do nosso país, mas não me parece possível descrever sua obra – precisamos estar diante de cada uma das suas criações para ter noção do que se trata. Quando cursava arquitetura, ficava maravilhada em finalmente compreender que aquilo não era somente técnica; havia algo intangível perpassando todas aquelas linhas, pois, no papel, com lápis, compasso e régua T, não era possível reproduzir o efeito visual daquelas formas e daqueles volumes.
Na moda, formas e volumes estão em alta, certo? Por que então, não visitar o maior acervo de inspiração disponível do país? Boa viagem!



sexta-feira, 13 de junho de 2008

in-Spiration... Rendas e babados de Gaudí

A moda baseia-se em tendências, certo? Agora, parece que vivemos um período lady-like, mulherzinha mesmo, que acaba por trazer de volta babados, rendas e flores. Onde encontramos referências para estes elementos? Basta olhar, com um pouco mais de atenção, uma obra-prima da arquitetura do início do século XX.



Ao chegar na Casa Milà (em Barcelona, Espanha), é impossível que seus olhos não sejam capturados pelas ondulações e pelo rendilhamento da fachada, em um movimento contínuo e incessante, procurando encontrar algum traço de “estabilidade” (ou seria segurança?). É, ficamos com a sensação do desequilíbrio, da fluidez que escorre entre os dedos... principalmente, sob os raios do sol que iluminam todo o conjunto!


Ela foi construída pelo sensacional Antoni Gaudí, entre 1906 e 1910, a pedido de Pere Milà i Camps e Roser Segimon i Artells, na esquina do Passeig de Gràcia com a Carrer de Provença, no bairro Eixample (expansão, em catalão). É o último trabalho de arquitetura de Gaudí antes de sua dedicação completa à obra da Sagrada Família, esta ainda inacabada. La Pedrera (a pedreira), como é conhecida, foi oficialmente registrada como Patrimônio de Barcelona, em 1962, e como Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 1984, tendo sido restaurada, pela última vez, entre 1987 e 1996.


A incrível fachada, moldada em pedra, não possui nenhuma linha reta (aliás, todo o prédio), parecendo um único volume arquitetônico, sinuoso e rendado, com as varandas ornamentadas por motivos botânicos, animais e abstratos, em ferro forjado. Em determinados pontos da fachada, vêem-se também, pequenos botões de rosa, singelos e delicados, além de diversas inscrições.


Dispostos a ver com os olhos da inspiração, podemos nos deparar com espetaculares modelos para nossa moda cotidiana, deixando-a com ares ainda mais conceituais e artísticos. E com uma pitada de irreverência também! Por que não?



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quinta-feira, 12 de junho de 2008

Absolutamente disponível

Hoje é um dia para celebrar o amor. Por isso, vou lhes contar uma linda história de amor. Venham comigo!



Chegara o vestibular. Optei pela carreira de bióloga e decidi pelo caminho da ciência. Escolhia eu o saber, a verdade, a certeza? Ou uma mera ilusão capaz de preencher as lacunas da dúvida? A ciência pautada na verdade não parecia comportar dúvidas. A certeza era imperiosa: ela estava lá, em cada laudo proferido, entregue nas mãos de alguém, como a “mais pura verdade”, o saber científico. Até que, em um determinado momento, ouvi, em resposta a uma “verdade científica”, um questionamento deste saber.
Estando a minha vida, pessoal e profissional, pautada na “certeza”, a voz do outro me fez enxergar a dúvida. Será que ela sempre existiu? Por que então, se manteve silenciosa? Ela precisava não aparecer? Prosseguir tornou-se difícil. Para onde foi a certeza? Além disso, houve uma agravante: o amor. E aí, o castelo de cartas começou a ruir.
Nessa nova fase, muito tentei voltar ao que era antes: resgatar aquela certeza absoluta... Afinal de contas, eu precisava acreditar, piamente, no que proferia pela fala e pelos laudos, ou era possível duvidar? Na verdade científica, no saber conferido ao especialista, é permitida a “incerteza”?
Mas, não deu. E o caos da dúvida veio avassalador. Da certeza para a dúvida! Entretanto, também não era esse o caminho... Será que ir em frente demandaria muito esforço, muito trabalho? Nossa, e como! Não é fácil largar a “certeza legitimada da ciência” pela dúvida, pelo erro, pela incerteza.
Eu apenas começara o trajeto. E a angústia crescia...
Qual seria a saída? A busca da certeza em um “outro lugar”? Fui seduzida então, pelo fascínio da psicologia. O amor, instaurando a “incerteza”, corria ao largo, questionando essa “verdade” perdida (!?). No entanto, eu ainda não vislumbrava o que viria pela frente... apenas sentia que nunca mais seria como antes. Eu buscava o movimento (ou o amor?) – e estava sendo impelida a isso.
Seria preciso uma “barganha faustiana” para eu voltar ao caminho da “certeza”? Eu trocaria a liberdade pela certeza? Eu procurava um mestre? Nesse tempo, eu dava aulas particulares. Sempre tentei não me portar como “mestre” – procurava levar o aluno a duvidar de mim e da própria ciência. Era maravilhoso vê-los aprendendo a caminhar sozinhos, buscando novos horizontes, novos projetos. Eu não podia traçar o caminho para eles... Afinal, o que é ser um mestre?
Quando conheci a história de Abelardo e Heloísa, fiquei impressionada – uma paixão avassaladora teria sido capaz de apagar o brilhantismo intelectual do filósofo Abelardo! Como? Qual era a incompatibilidade entre o saber e o amor?
Porém, eu comecei a amar. E toda a certeza (que ainda restava) se esvaiu! Estava acontecendo comigo o mesmo que Abelardo? Por quê? Onde estão as “certezas” da ciência, do saber, para o amor? Haveria uma “receita”? Por que há tantos livros tentando ensinar a amar? Isso é possível? Na época, comprei uma camiseta com os dizeres: Absolutamente disponível. Nada mais apropriado, não? Pois, na língua portuguesa, esse absolutamente pode ter sentido afirmativo ou negativo! Como estaria eu? Disponível ou não para o amor? E para a vida?
Precisei abrir mão de ser mestre, e também de ter um, criando e recriando a minha prática pessoal (e a própria teoria!), estando aberta às experiências, sendo capaz de não acreditar em soluções mirabolantes e prontas, mas vendo sempre uma nova possibilidade, mantendo-me em movimento, ou seja, “acordada”... e amando! Eu decidira enveredar por um novo caminho – o do amor como bússola. O que viria depois seria uma (re)construção sem fim. Absolutamente. Isto é, com certeza. Ou não...


“Se pulamos, podemos cair do lado errado da corda. Mas se não queremos correr o risco de quebrar o pescoço, de que adianta?” – Pablo Picasso



Eu decidi pular. E encontrei o amor da minha vida. Para sempre.


quarta-feira, 11 de junho de 2008

Labels & love!

Assisti ontem ao filme Sex and the city. Confesso que fui ao cinema sem muitas expectativas, pois havia visto a quarta edição do Indiana Jones e me decepcionado bastante. Pareceu uma continuação requentada, cheia de clichés e referências sem sentido. Como ele foi o herói da minha adolescência, esperava apenas o máximo. Como isso não aconteceu, pensei que sentiria o mesmo pelo SATC, a minha série “mulherzinha”. Lêdo engano! Que excelente surpresa!
Aproveitei o horário da matinê e lá fui eu, rumo ao encontro daquele quarteto de Manhattan, que havia partido há quatro anos. Não pretendo revelar nenhum segredo do filme aqui, mas fazer uma reflexão do que há de imperdível neste filme.
Já na apresentação percebi que o que vinha pela frente seria muito bom: ela é feita em forma de retrospectiva, dando um panorama da extinta série (ideal para quem não acompanhou as temporadas), com um incrível patchwork das vidas das personagens, contadas, é claro, pela Carrie.
Foi aí, que uma expressão me saltou “aos ouvidos”, como boa psicanalista (rsrsrsrs...): “labels and love”. E por que isto aconteceu? Bem, só fui entender muito tempo mais tarde... Na verdade, ela pontua todo o desenrolar da trama, desdobrando-se em diversos sentidos, tendo em vista que a palavra (signo ou significante, na psicanálise) da língua inglesa label pode ter inúmeros significados: marca, rótulo, estereótipo, grife (de luxo).
A série que deu origem ao filme marcou uma geração de mulheres, tendo fãs por todo o mundo, além de colocar as “marcas” (= grifes de luxo) no universo da moda contemporânea: Manolo Blahnik, Jimmy Choo, Dior, Gucci, Chanel, Louis Vuitton. Ao mostrar quatro “marcas” (= tipos ou estereótipos) de mulher, representadas por seus respectivos figurinos (roupas e acessórios particulares), estes tornaram-se suas “marcas pessoais”, verdadeiros símbolos das facetas do feminino. Ou seriam apenas rótulos?
No filme, as quatro protagonistas são agora mulheres maduras (entre 40 e 50 anos), que mantiveram opções e caminhos condizentes com suas histórias pregressas e experiências vividas. E as roupas (sem esquecer dos sapatos!, um objeto de vital importância na trajetória do estilo da escritora Carrie) sempre estiveram como “testemunhos” destas histórias, contadas em tecidos, cores, texturas, formas... e grifes de luxo!
Hoje, em um mundo povoado por marcas ou grifes, onde está a nossa “marca pessoal”? Para Lacan, um incrível psicanalista, o homem é constituído na chamada fase ou estádio do espelho: através do olhar do outro, ele torna-se sujeito. A partir deste momento, temos uma imagem e um corpo. Mas, como nos vemos neste espelho, anos mais tarde? Quando nos apropriamos da “nossa história”? E o figurino, qual o papel dele nesta empreitada? Ele é fundamental na busca da nossa marca pessoal?
Seguindo a trilha destas perguntas, baseada em conceitos psicanalíticos e também, analisando o universo da moda atual, com seus ícones e valores, principalmente a questão das marcas de luxo e seu peso na constituição do sujeito contemporâneo, é imprescindível estar sempre atentos ao lugar do próprio, do único, na construção da nossa imagem pessoal.
E, neste ponto em particular, o filme acerta em cheio: cada uma das mulheres do quarteto imprime sua marca em tudo – roupas, acessórios, cabelos, make-up... e no amor! É, finalmente, chegamos a ele! O filme, inclusive, poderia se chamar “Love and the city”, pois fala principalmente das formas de amar das mulheres, cada uma de seu jeito particular. Quem acompanhou Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha, por seis temporadas, é capaz de reconhecê-las agora, quatro anos depois, como se o tempo tivesse passado na realidade. Esta talvez seja a maior virtude do filme: ele é verossímil! Vemos aquele quarteto de NY vivendo o doce e o amargo de uma nova fase de suas vidas, sem perder o referencial do que foi vivido por cada uma delas. Lá estão seus colegas, amigos e amantes, sem esquecer de mencionar o mais importante: a amizade (ou seria amor?) delas permanece intacta, sustentando-as em todos os momentos – bons e difíceis, como deve ser entre amigas, certo?
Desejo enfim, que consigamos seguir o lema do filme: labels sim, mas com muito love... Corram para o cinema, pois elas estão de volta! Enjoy!!!

***News: Vocês percebem a semelhança? Eu adorei!!!***

Postado por Claudia Pimenta às 18:04 (13 de junho)





segunda-feira, 9 de junho de 2008

O verão na moda

Começou neste fim-de-semana, o Fashion Rio, em sua 13ª. edição, para a primavera-verão 2008-2009. O tema do evento é bastante pertinente ao mundo atual – repensar, reciclar, renovar.


Eu, como bióloga, não posso deixar de aplaudir esta iniciativa de chamar atenção para o ambiente, tão dilacerado por nossas práticas humanas cotidianas. Já é tempo de tomar consciência do nosso papel na preservação do planeta, com responsabilidade e participação ativa. E a moda pode ser um verdadeiro dispositivo catalisador desta consciência, pois moda não fala somente de roupas e acessórios, mas também, de comportamento. Nada mais contemporâneo que buscar alternativas ecologicamente corretas e tecnologias que não causem danos ao homem ou ao seu mundo, chegando a resultados surpreendentes.
Muitas empresas, inclusive, estão buscando estes novos materiais e técnicas, impulsionadas por um movimento mundial de preservação da Terra (e do próprio homem!), que começou timidamente, mas que já atinge escala planetária. Ainda não dispomos de grandes soluções para reverter os danos previamente causados, de forma eficaz, porém podemos pensar em não protelar mais a busca por novas saídas. É preciso começar, mesmo que possa parecer apenas uma pequena intervenção individual. Podemos, por exemplo, evitar o uso abusivo de sacolas plásticas. Por que não carregar uma linda shopping bag? Houve, há algum tempo, o “boom” da I’m not a plastic bag, que tornou-se um fenômeno de mídia, mas que parece ter caído no esquecimento. Uma pena! Foi uma associação e tanto de moda e comportamento, com o viés da eco-sustentabilidade, que poderia ter virado um hábito, bastante saudável por sinal...
Tomara que o tema do Fashion Rio consiga fazer pensar nisto, por mais tempo do que a duração do evento em si, pois assim, teremos certeza de que a moda pode oferecer muito mais do que tendências em tecidos, texturas e cores. Ela pode (e deve) ser capaz de representar o mundo em que está inserida e sinalizar novos modos de ser e agir do homem do século XXI.
Que tal então, adotar uma postura eco-fashion?

sexta-feira, 6 de junho de 2008

in Cinema... Carrie, Indiana e… o Brasil!?

O filme Sex and the City foi ansiosamente aguardado... e assistido, inúmeras vezes, por todas as apaixonadas por aquele inseparável quarteto feminino – como eu, fã do seriado e colecionadora das temporadas –, no ano passado. Esta história, que marcou a virada do milênio, trouxe um novo conceito na hora de se vestir – a escolha fashion e grifada (é, de grife!). Colocou na boca (e no closet, quem sabe?) de todas os Manolo Blahnik, Jimmy Choo, Dior, Chanel, usados, principalmente, por Carrie, vivida por Sarah Jessica Parker, em um momento muito especial da sua carreira (mais sobre SATC aqui e aqui). Isso sem esquecer do famoso colar com o nome da personagem, que virou um must-have. No filme, é a vez da Eiffel bag... Também nos apresentou Patricia Field, figurinista incrível, com um super olhar para escolher quem vai vestir o quê. Ela verdadeiramente “criou” o quarteto da série, mulheres que vivem, em Nova York, aventuras e desventuras de toda ordem – romântica, profissional, sexual. E nos convenceu que elas eram reais!

Como admiradora de cinema, também é preciso registrar outro marco – a volta do Indiana Jones! Nossa, tantos anos depois, e o famoso arqueólogo parece ter a mesma capacidade de conquistar tesouros (e garotas...) do primeiro filme! Welcome back, Indy!


E do que fala o título do post? Na verdade, é uma grande coincidência. Ambos os blockbusters têm, em comum... o Brasil. É, o Brasil! Como assim?

Bem... Descobri esta forma de conexão entre eles, devido a dois artigos publicados sobre o figurino dos filmes. O primeiro, do Caderno Ela (O Globo), fala sobre dois vestidos que a personagem Carrie usa no filme: são dois pretinhos básicos, da grife brasileira, Eau d’Arouche, cuja estilista Carolina Glidden-Gannon trabalhou com Patricia Field. No caso do Indiana, o texto é do Globo online, no qual é revelado que o chapéu – emblemático, por sinal – usado por Harrison Ford, desde o primeiro filme, é brasileiro, fabricado sob medida (com abas maiores) em Campinas, interior de São Paulo, pela empresa Cury.

Não é incrível? O Brasil está, realmente, com tudo!


***pePPer en Beaux Arts: nesta seção, vocês encontram os posts já publicados no blog e relacionados às artes – museus, exposições, cinema, arquitetura, literatura, mobiliário! Sejam bem-vindas(os)!***

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Gattaca: realidade ou ficção

Comecei minha vida profissional como geneticista humana, na década de 80. Naquela época, o DNA era uma “abstração”, já que a sua molécula ainda não havia sido isolada. Meu grupo de pesquisa, no Instituto de Biologia da UFRJ, foi o primeiro do Rio de Janeiro a conseguir realizar esta tarefa – lembro da primeira vez que vi aquela “nuvem”, uma estrutura etérea, que flutuava em um tubo de ensaio repleto de álcool. Parecia mágica!


Nunca pensei que, vinte anos depois, esta molécula assumiria um lugar de destaque... na capa da revista Exame* (desta semana)! A manchete diz Seu DNA vale bilhões – A genética começa a se transformar em produto de consumo. Por que empresas de alimentos, saúde, medicamentos e financeiras já não podem ignorá-lo”. Na chamada colocada na revista Veja, completam: “Veja como a evolução da genética cria e transforma negócios bilionários”.
DNA e negócios?!? Fiquei surpresa em perceber a apropriação de um “dado científico biológico” pelo mundo financeiro... Fui então, ao site da revista, onde há um vídeo explicativo sobre uma pesquisa em curso, na qual o DNA está sendo utilizado em prol dos negócios ($$$!): Empresas mapeiam genes dos consumidores para criar produtos – a genética a serviço dos negócios”.


A pesquisa, patrocinada pela multinacional suíça Nestlé, está sendo realizada aqui no Brasil, no Hospital Sírio e Libanês. Segundo o vídeo, o Brasil foi escolhido por sua variabilidade étnica e genética, em uma tentativa de relacionar a variação gênica dos indivíduos ao limiar de percepção dos diferentes sabores – azedo, amargo, doce, salgado. Com isso, as empresas poderiam segmentar o mercado consumidor de acordo com um novo parâmetro, além dos costumeiros poder de compra e hábitos culturais – seria pelo perfil genético! E, portanto, produzir produtos específicos e direcionados para atender (ou agradar!) os consumidores de diferentes paladares, ou seja, alavancar os negócios e aumentar os lucros!
Não pude deixar de pensar no filme Gattaca**. Lembro que, quando o assisti pela primeira vez, fiquei bastante impressionada e também, preocupada com o futuro que teríamos pela frente, caso tudo aquilo se concretizasse. E parece que este futuro já chegou! Não é possível prever os usos que ainda serão feitos do DNA, mas espero que sempre haja ética em todos eles. Gostaria que ficássemos atentos a estes usos (e abusos?) para evitar rótulos e segmentações, dividindo indivíduos em categorias. Eu, como geneticista, sempre acreditei no poder da surpresa, de algo que escapa, foge ao controle, como acontece em Gattaca. Sempre pode haver uma saída não prevista, não “mapeável”!
Ou seja, precisamos estar cientes dos procedimentos utilizados, questionar suas condutas, suas regras. Caso não consigamos analisar a demanda, poderemos estar apenas mantendo o modo de produção vigente. No caso da associação extrema entre os genes e o modo de ser e viver de cada um, precisamos também, nos manter alertas ao risco de associar tão estritamente o DNA ao mundo dos negócios, para não incorrer no erro da segregação genética, tão danosa quanto qualquer outra! Nós, os “especialistas”, estaremos falando e decidindo sobre a vida das pessoas, produzindo subjetividades, onde quer que estejamos. É bom lembrar que a tecnologia produz efeitos, sentidos. Não podemos permitir que o estranhamento se desvaneça, seja tragado pelo tempo e pelo espaço, dilacerado por nossas práticas. Quaisquer que sejam elas.

*Revista Exame – Ano 42 no. 10 edição 919 – Editora Abril
**Gattaca (1997) de Andrew Niccol, com Ethan Hawke e Uma Thurman –
Sinopse: um homem geneticamente inferior assume a identidade de um superior para conseguir realizar o seu sonho de viajar no espaço.

terça-feira, 3 de junho de 2008

en Tendance... Até a rainha?

Em uma cena antológica do filme Maria Antonieta*, na qual ela, ao ficar desiludida por ainda não ter gerado um príncipe herdeiro ao trono francês, mergulha no consumismo de artigos de moda – em especial, pares e pares de sapatos, aparece o tênis All-Star.


A intenção da diretora Sofia Coppola não é clara, quanto ao motivo daquela aparição, mas aquele par de tênis azuis colocado de forma displicente, junto a inúmeros pares de sapatos da monarca francesa, foi tema de discussões acaloradas por todos que curtem moda e viram o filme: por quê?, o que aquilo representava? Não sei se existe uma resposta, porém, o que importa, é a presença deste símbolo de uma juventude estilosa, verdadeiro signo do homem moderno, contemporâneo, conferindo este ar à personagem do fim do século XVIII.


O All-Star está completando 90 anos de existência, com todo o frescor de um jovem hypado e descolado. Queridinho do mundo fashion, foi criado pela empresa americana Converse (comprada em 2003 pela Nike), que está fazendo 100 anos, e produzido em lona e sola de borracha, para jogadores de basquete. Na década de 60, surge o tênis de cano baixo, sucesso imediato e absoluto, ligando esporte e moda. Ícone pop de estilo, em cores, texturas e materiais diversos, o All-Star é um tênis de preço bastante razoável e de impressionante presença nos pés de homens, mulheres e crianças.
Apesar de achá-lo desconfortável para uma longa caminhada, virei fã desde que ingressei no mundo da moda. Parece incrível, mas ele é uma verdadeira referência de imagem e estilo para quem transita neste universo! Confesso que, muitas vezes, pensei em resistir ao seu apelo, fashion e cool, porém acabei sucumbindo frente a tantos modelos diferentes! E parece que, depois de aderir à febre deste tênis de lona, não conseguimos mais deixar de procurar por modelos especiais e de visual arrojado... um mais bacana que o outro! Você já tem o seu?



*Filme Marie Antoinette (2006), de Sofia Coppola, com Kirsten Dunst no papel principal.
Sinopse
: Prometida ao Rei Luis XVI (Jason Schwartzman) aos quatorze anos de idade, a ingênua Maria Antonieta (Kirsten Dunst), é lançada na opulenta corte francesa que é cheia de intrigas e escândalos.
Sozinha, sem orientação e perdida em um mundo perigoso, a jovem Maria Antonieta se rebela contra a atmosfera isolada de Versalhes, e no processo, ela se torna a monarca mais incompreendida da França.
Kirsten Dunst faz o papel da jovem princesa cuja vida cheia de fatalidades se transforma em material para lendas e mitos. A história começa quando Maria Antonieta, aos quatorze anos de idade é levada para longe de sua família e de seus amigos de Viena, despojada de todos os seus pertences e jogada no sofisticado e decadente mundo de Versalhes, a pródiga corte real perto de Paris.
Maria Antonieta é uma simples marionete em um casamento arranjado feito para solidificar a harmonia entre duas nações. Seu marido adolescente, Luis (Jason Schwartzman), o Delfim, como era chamado, é o herdeiro do trono francês. Mas Maria Antonieta está totalmente despreparada para ser o tipo de governante que o povo francês deseja. Por baixo de sua elegância, ela é uma assustada, desprotegida e confusa jovem mulher, cercada por perversos caluniadores, falsos aduladores, pessoas manipuladoras e fofoqueiros. Presa pelas convenções de sua posição, Maria Antonieta precisa encontrar uma forma de se encaixar no complexo e traiçoeiro mundo de Versalhes.
Além de todos os seus infortúnios também existe a indiferença de seu novo marido, Luis. Seu casamento permanece sem ser consumado por incríveis sete anos. O desajeitado futuro Rei prova ser um desastre como amante, causando grandes preocupações (e infindáveis fofocas) de que Maria Antonieta nunca será capaz de dar a luz a um herdeiro.
Perturbada e soterrada por todos os problemas, Maria Antonieta busca refúgio na decadência da aristocracia francesa e em um secreto caso amoroso com o sedutor Conde sueco Fersen (Jamie Dornan). Suas indiscrições logo se tornam o assunto da França.
Seja ela sendo idealizada por seu impecável estilo ou vilanizada por ser imperdoavelmente inatingível com seus objetivos, as reações a Maria Antonieta sempre são extremas. Ainda assim, aos poucos, conforme amadurecia, ela começou a encontrar seu caminho como esposa, mãe e Rainha – apenas para ser tragicamente arrastada para uma sangrenta revolução que mudou a França para sempre.


***Mais sapatos:
O sensacional V&A
Os sapatos e a moda
A prima ballerina de Ferragamo
Roger Vivier e a famosa fivela
BB e a Repetto
***

domingo, 1 de junho de 2008

A moda está de luto

Morreu, em Paris, Yves Saint Laurent, um dos maiores estilistas do século XX, depois de mais de quatro décadas a serviço da moda e da alta-costura.


Inovador, criou o look Mondrian, ao inspirar-se na obra do pintor holandês, pai do neoplasticismo, ligando moda à arte e reinventando a elegância da alta-costura. No ano seguinte, foi a vez do look Pop Art. Com le smoking, recriou e libertou a silhueta feminina. Gênio incontestável, começou com Dior, vindo a sucedê-lo na sua maison, com a morte repentina do mestre. Em 1961, abre sua própria maison de prêt-à-porter, com Pierre Bergé, a YSL Rive Gauche, atualmente pertencente ao grupo Gucci. Retirou-se do mundo fashion, em 2002, deixando seus admiradores inconsoláveis.
E hoje, nos despedimos deste homem que marcou a história da moda, certos de que seus legados nunca serão esquecidos, pois são de valor inestimável à trajetória da mulher de todos os tempos.