quinta-feira, 12 de junho de 2008

Absolutamente disponível

Hoje é um dia para celebrar o amor. Por isso, vou lhes contar uma linda história de amor. Venham comigo!



Chegara o vestibular. Optei pela carreira de bióloga e decidi pelo caminho da ciência. Escolhia eu o saber, a verdade, a certeza? Ou uma mera ilusão capaz de preencher as lacunas da dúvida? A ciência pautada na verdade não parecia comportar dúvidas. A certeza era imperiosa: ela estava lá, em cada laudo proferido, entregue nas mãos de alguém, como a “mais pura verdade”, o saber científico. Até que, em um determinado momento, ouvi, em resposta a uma “verdade científica”, um questionamento deste saber.
Estando a minha vida, pessoal e profissional, pautada na “certeza”, a voz do outro me fez enxergar a dúvida. Será que ela sempre existiu? Por que então, se manteve silenciosa? Ela precisava não aparecer? Prosseguir tornou-se difícil. Para onde foi a certeza? Além disso, houve uma agravante: o amor. E aí, o castelo de cartas começou a ruir.
Nessa nova fase, muito tentei voltar ao que era antes: resgatar aquela certeza absoluta... Afinal de contas, eu precisava acreditar, piamente, no que proferia pela fala e pelos laudos, ou era possível duvidar? Na verdade científica, no saber conferido ao especialista, é permitida a “incerteza”?
Mas, não deu. E o caos da dúvida veio avassalador. Da certeza para a dúvida! Entretanto, também não era esse o caminho... Será que ir em frente demandaria muito esforço, muito trabalho? Nossa, e como! Não é fácil largar a “certeza legitimada da ciência” pela dúvida, pelo erro, pela incerteza.
Eu apenas começara o trajeto. E a angústia crescia...
Qual seria a saída? A busca da certeza em um “outro lugar”? Fui seduzida então, pelo fascínio da psicologia. O amor, instaurando a “incerteza”, corria ao largo, questionando essa “verdade” perdida (!?). No entanto, eu ainda não vislumbrava o que viria pela frente... apenas sentia que nunca mais seria como antes. Eu buscava o movimento (ou o amor?) – e estava sendo impelida a isso.
Seria preciso uma “barganha faustiana” para eu voltar ao caminho da “certeza”? Eu trocaria a liberdade pela certeza? Eu procurava um mestre? Nesse tempo, eu dava aulas particulares. Sempre tentei não me portar como “mestre” – procurava levar o aluno a duvidar de mim e da própria ciência. Era maravilhoso vê-los aprendendo a caminhar sozinhos, buscando novos horizontes, novos projetos. Eu não podia traçar o caminho para eles... Afinal, o que é ser um mestre?
Quando conheci a história de Abelardo e Heloísa, fiquei impressionada – uma paixão avassaladora teria sido capaz de apagar o brilhantismo intelectual do filósofo Abelardo! Como? Qual era a incompatibilidade entre o saber e o amor?
Porém, eu comecei a amar. E toda a certeza (que ainda restava) se esvaiu! Estava acontecendo comigo o mesmo que Abelardo? Por quê? Onde estão as “certezas” da ciência, do saber, para o amor? Haveria uma “receita”? Por que há tantos livros tentando ensinar a amar? Isso é possível? Na época, comprei uma camiseta com os dizeres: Absolutamente disponível. Nada mais apropriado, não? Pois, na língua portuguesa, esse absolutamente pode ter sentido afirmativo ou negativo! Como estaria eu? Disponível ou não para o amor? E para a vida?
Precisei abrir mão de ser mestre, e também de ter um, criando e recriando a minha prática pessoal (e a própria teoria!), estando aberta às experiências, sendo capaz de não acreditar em soluções mirabolantes e prontas, mas vendo sempre uma nova possibilidade, mantendo-me em movimento, ou seja, “acordada”... e amando! Eu decidira enveredar por um novo caminho – o do amor como bússola. O que viria depois seria uma (re)construção sem fim. Absolutamente. Isto é, com certeza. Ou não...


“Se pulamos, podemos cair do lado errado da corda. Mas se não queremos correr o risco de quebrar o pescoço, de que adianta?” – Pablo Picasso



Eu decidi pular. E encontrei o amor da minha vida. Para sempre.


4 comentários:

Tania Pimenta disse...

Só uma palavra: espetáculo!!!
Parabéns!!! Pros dois pombinhos!!!
Beijins

Priscila de Oliveira disse...

que belas palavras tão bem escritas! Pulo e dou até mortal triplo! =)

Beijocas e feliz dia dos namorados.

Marisa Pimenta disse...

Minha única "certeza" é a de que vejo a felicidade no casal, precisa mais???? Sejam eternamente felizes. Bjks

vanessa iraty disse...

Nossa...
:)